As figuras de linguagem podem ser subdivididas em figuras
de som, figuras de construção, figuras de pensamento e figuras de palavras.
Antes, porém, de nos aprofundarmos em figuras de linguagem é necessário
conhecer au passant um pouco sobre símbolos e sinais, signos e
ícones, a saber, a SEMIÓTICA. A semiótica não é a ciência que estuda os
zarolhos, tampouco versa sobre fabricação de monóculos, mas é, isto sim, a
ciência dos sinais, símbolos, imagens e significados, notadamente no nosso
caso, no meio literário. Mas um é o método, outro o ponto de vista.
Símbolos e
imagens são os estudos centrais da Semiótica.
Agora,
para saber o que é SEMIÓTICA, precisamos saber o significado de símbolos,
signos e ícones.
Signos = Servem para representar “coisas”
em nosso cérebro. Quando olhamos algo, criamos uma imagem “similar”, o objeto
não está de fato dentro da nossa cabeça, nosso mundo está todo representado por
signos. Símbolos = “Elemento representativo visível que por analogia
substitui um objeto”. Por exemplo, os desenhos pré-históricos (pinturas em
pedras), são *símbolos representando *signos! Ícones = “Pequeno símbolo
gráfico, usado geralmente para representar um software ou um atalho para um
arquivo específico”. Imagine um botão, sabemos o que é no mundo real ou
virtual. Assim, SEMIOTICA é literalmente, a ótica dos sinais – o que entendemos
e compreendemos pelo que lemos e vemos. São ligados à cultura de cada
povo, seja nas artes visuais, música, fotografia, filosofia, literatura,
cinema, culinária, vestuário, gestos, ciência e religião. Filosofia e religião estão imersos em
linguagem figurada e impregnados de elementos iconográficos.
No plano teológico, etimologicamente, a palavra Religião nos remete à re-ligio – reler, ou seja, relembrar e religar o homem a Deus, o homem
que se perdeu deve sempre lembrar-se e voltar-se ao seu Criador. Em todas as culturas antigas, da qual provém a humanidade, a água é
símbolo de purificação, fecundidade, vida e renascimento. Os símbolos bíblicos
do Espírito Santo de Deus são a água, o vento, a pomba, o óleo de oliveira, o
fogo.
A criação
está marcada por estes elementos e por eles são simbolizados na Bíblia, já que
“o espírito sobrevoava as águas “ Gn 1.2. E não por acaso Jesus Cristo,
ao ressuscitar, soprou sobre os apóstolos o Espírito Santo. Jo 20.22 . O
vento, por seu turno, é o que atua sem ser visto e não pode ser agarrado, não
se sabe de onde vem nem para onde vai, mas todos escutam a sua voz Jo 3.8.
Assim pode-se depreender que esses elementos são símbolos e não a coisa
em si. Não é pelo fato de a pomba simbolizar o Espírito Santo que significa que
devemos render-lhe culto. Cultuar a pomba, o vento, a água o óleo são práticas
idólatras. No batismo de Jesus Cristo o ES desceu sobre Ele sob a forma de uma
pomba. No deserto o povo era iluminado por uma coluna de fogo durante a noite.
Ex. 13.21 Ventos (no
plural), ao contrário, conforme Jer. 25:31-33; 49:35, 37; 4:11-13; Zacarias.
3:1-5., significa lutas, comoções, e guerras. Assim, águas (no plural). E
disse-me: “As águas que viste, onde se assenta a prostituta, são povos, e
multidões, e nações, e línguas”. - Ap 17:15
O uso indevido da simbologia e dos ícones abre margem para muitas
controvérsias e mesmo erros de interpretação, ou seja, o texto, sem o contexto,
é um pretexto, com o qual diversos pregadores apóstatas se valem para pegar os
incautos, aqueles que não lêem nem se aprofundam em buscar conhecimento.
“Cuide-se do homem de um livro só”. Não se pode afirmar literalmente que
o fruto da árvore proibida era a maçã. Isso é simbólico, como simbólica também
é a palavra árvore proibida. A sua árvore genealógica remete aos seus
ancestrais, fatos e acontecimentos cosmogônicos.
FIGURAS DE LINGUAGEM
ALITERAÇÃO
- Consiste na repetição ordenada
de mesmos sons consonantais. Aliteração vem de litera, do
latim letra.
“O rato roeu a roupa
do rei de Roma”.
“Esperando, parada, pregada
na pedra do porto.”
ASSONÂNCIA - Consiste na
repetição ordenada desons vocálicos idênticos. Vem de som.
“Sou um mulato nato no sentido lato
mulato democrático do litoral.”
“Sou um mulato nato no sentido lato
mulato democrático do litoral.”
ANTÍTESE - Consiste no uso de palavras, numa mesma frase, de expressões ou
pensamentos de sentidos opostos(contrários).
“A mocidade é
uma esperança; a velhice umdesengano
“O sonho de um céu e
de um mar
E de uma vida perigosa
Trocando o amargo pelo mel
E as cinzas pela rosa
Ted faz bem tanto quanto mal
Faz odiar tanto quanto querer
Felicidade não tem fim;
Tristeza, sim
ASSÍNDETO
- Ocorre quando há a ausência
da conjunçãoentre duas orações para dar mais rapidez ao discurso.
“Espero, volte logo”. Espero que volte
logo
“Sorri, gesticula, canta, declama”
Já
o POLISSÍNDETO é a repetição estilística
e expressiva da mesma conjunção coordenativa ligando os
termos.
Trabalha, e corre, e sua, e sofre
!
Vão chegando as burguesinhas pobres e as
crianças das burguesinhas ricas, e as mulheres do povo, e as
lavadeiras das redondezas.
ANACOLUTO
- Consiste numa mudança
repentina da construção sintática da frase, ou seja, consiste em deixar um termo solto na frase. Normalmente, isso ocorre
porque se inicia uma determinada construção sintática e depois se opta por
outra.
A vida, não sei realmente se ela vale
alguma coisa.
Ele, nada podia assustá-lo.
Os três reis magos é tradição da igreja
católica que um deles era negro.
Nota: o anacoluto
ocorre com freqüência na linguagem falada dos jovens, quando o falante
interrompe a frase, abandonando o que havia dito para reconstruí-la novamente.
ANAFÓRA - Consiste na repetição da mesma palavra ou
expressão, no começo de uma frase, usada anteriormente para
reforçar o sentido, contribuindo para uma maior expressividade.
Cada alma é uma escada para Deus,
Cada alma é um corredor-Universo
para Deus,
Cada alma é um rio correndo por
margens de Externo
Para Deus e em Deus com um sussurro
noturno.
(Fernando Pessoa)
CATACRESE
- É uma metáfora desgastada, tão usual
que já não percebemos. Assim, a catacrese é o emprego de uma palavra no sentido
figurado por falta de um termo próprio.
O menino
quebrou o braço da cadeira.
A manga da camisa
rasgou-se. Barriga da perna. Cabeceira do rio.
COMPARAÇÃO
- Consiste em atribuir características
de um ser a outro, em virtude de uma determinada semelhança.
O meu coração está igual a
um céu cinzento.
O carro dele é rápido como um
avião.
ELIPSE - Consiste na omissão (espontânea ou
voluntária), por meio de uma vírgula, de um termo que fica
facilmente subentendido e identificável no contexto.
“Após a queda, nenhuma fratura.” (não
houve- elipse)
“Na sala, apenas quatro ou cinco
convidados.”
(omissão de havia – ler: O
Espelho, de Machado de Assis)
EUFEMISMO
- Consiste em suavizar palavras
ou expressões que são desagradáveis, substituir
uma expressão por outra menos brusca; em síntese, procura-sesuavizar alguma
afirmação desagradável ou rude. Por exemplo, no Brasil do Lula, do PT,
ocorreram muitos eufemismos. Não existem pobres (somente a Classe C), não
existem negros (somente afrodescendentes), não existem mendigos (somente
moradores de rua), e não existem aleijados e retardados mentais (somente
portadores de deficiência).
Ele enriqueceu por meios
ilícitos. (ou seja, ele roubou)
Ele foi repousar no céu, junto ao Pai. (reposusar no céu = morreu)
Ele foi repousar no céu, junto ao Pai. (reposusar no céu = morreu)
Os moradores de rua também
são cidadãos. (mendigos)
Os afrodescendentes brasileiros
são os melhores sambistas. (afrodescendentes = negros)
HIPÉRBOLE
- É um exagero intencional com
a finalidade de tornar mais expressiva a idéia.
Estou morrendo de sede. (em
vez de estou com muita sede)
Ela chorou rios de lágrimas (chorou muito).
Ela chorou rios de lágrimas (chorou muito).
Muitas pessoas morriam de
medo da perna cabeluda.
IRONIA
- Consiste na inversão dos sentidos, ou
seja, afirmamos o contrário do que pensamos. É a figura que apresenta um termo em sentido oposto ao usual,
obtendo-se, com isso, efeito crítico ou humorístico.
Que alunos inteligentes, não
sabem nem somar isso eu já sabia.
Se você gritar mais alto,
eu agradeço.
excelente Dona Inácia era mestra na
arte de judiar de crianças.”
METÁFORA
- É o emprego de uma palavra com osignificado
de outra em vista de uma relação de semelhanças entre ambas. É uma comparação
subentendida.
Minha boca é um túmulo.(guardo
segredos)
Essa rua é um verdadeiro deserto.(sem
movimento)
O velocista jamaicano Usain Bolt é um raio.(muito
veloz)
METONÍMIA
- É a substituição de uma
palavra por outra,quando existe uma relação lógica, uma proximidade de
sentidos que permite essa troca. Ocorre metonímia quando empregamos o autor
pela obra.
Li Machado de Assis várias vezes.
(as obras deMachado de Assis)
o continente pelo conteúdo.
O ginásio todo aplaudiu a
seleção.
(ginásio está substituindo os
torcedores)
a parte pelo todo.
Vários brasileiros vivem sem teto,
ao relento.
(teto substitui casa)
o efeito pela causa.
Suou muito para conseguir
ingressar na faculdade pública.
(suor substitui o estudou)
ONOMATOPÉIA - Consiste na reprodução ou imitação do som ou voz natural dos seres
irracionais, ou ruído dos objetos.
atchim – espirro.
Piu-piu: canto do passarinho
Din-don: o som da campainha
Tibum: o som de alguém caindo
Buá: o choro de alguém
chuif: fungado
Piu-piu: canto do passarinho
Din-don: o som da campainha
Tibum: o som de alguém caindo
Buá: o choro de alguém
chuif: fungado
Com aquele au-au dos
cachorros, os gatos desapareceram.
Aquele miau-miau eram dos
gatos miando no telhado a noite toda.
PARANOMÁSIA - Consiste na
aproximação de palavras parônimas, de sons parecidos, mas de
significados distintos.
“Eu que passo, penso e peço.”
O juiz retificou um verbo mas ratificou a
sentença dada ao réu;
assim, por infringir a
Lei o juiz infligiu-lhe a pena.
PLEONASMO
- Consiste na intensificação de
um termo através da sua repetição, reforçando seu significado.
“Nós cantamos um canto glorioso”.
POLISSÍNDETO
- É a repetição da conjunção entre
as orações de um período ou entre os termos da oração.
Chegamos de viagem e pulamos e cantamos esaímos
para dançar.
PROSOPOPÉIA
– ou Personificação. É uma figura
de linguagem que atribui características humanas a seres inanimados.
O céu está mostrando sua face mais
bela.O cão rotweiller não é medroso, ao contrário, mostra grande
sisudez.
PERÍFRASE
- É a designação de um ser
através de alguma de suas características ou atributos, ou de um fato
que o celebrizou.
A última flor do
Lácio está sendo a cada dia detonada (a língua portuguesa)
A Cidade Maravilhosa está
tomada pela violência.(Cidade Maravilhosa = Rio de Janeiro)
SINESTESIA
- Consiste na fusão de
impressões sensoriais diferentes, de
mesclar, numa expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido.
A luz crua da madrugada
invadia meu quarto.
Raquel tem um olhar frio,
desesperador.
Aquela criança tem um olhar tão
doce.
SILEPSE
- Ocorre quando a concordância é
realizada com a idéia e não sua forma gramatical. Existem três tipos de
silepse: gênero, número e pessoa.
De gênero.
Vossa excelência está preocupado com
as notícias. (a palavra vossa excelência é feminina quanto à forma, mas nesse
exemplo a concordância se deu com a pessoa a que se refere o pronome de
tratamento e não com o sujeito).
De número.
A boiada ficou furiosa com o peão e
derrubaram a cerca. (nesse caso a concordância se deu com a idéia de plural da
palavra boiada).
De pessoa
As mulheres decidimos não votar em
determinado partido até prestarem conta ao povo. (nesse tipo de silepse, o
falante se inclui mentalmente entre os participantes de um sujeito em 3ª
pessoa).
ZEUGMA
- Consiste na omissão de um
termo já empregado anteriormente. Consiste
na elipse de um termo que já apareceu antes.
Ele come frutas; eu, verduras.
(omissão de como)
Ele prefere cinema; eu, teatro.
Ele prefere cinema; eu, teatro.
(omissão de prefiro)
VÍCIOS DE LINGUAGEM
VÍCIOS DE LINGUAGEM
A
gramática é um conjunto de regras que estabelece um determinado uso da língua,
denominado norma culta ou língua padrão. Acontece que as normas estabelecidas
pela gramática normativa nem sempre são obedecidas, em se tratando da linguagem
escrita. O ato de desviar-se da norma padrão no intuito de alcançar uma
maior expressividade, refere-se às figuras de linguagem. Temos os chamados
vícios de linguagem Quando o desvio se dá pelo não-conhecimento da norma culta.
a) barbarismo: consiste em grafar ou pronunciar uma palavra em desacordo com a norma culta.
a) barbarismo: consiste em grafar ou pronunciar uma palavra em desacordo com a norma culta.
pesquisa
(em vez de pesquisa)
prototipo
(em vez de protótipo)
b) solecismo:
consiste em desviar-se da norma culta na construção sintática. Erro contra as
regras da sintaxe de concordância, regência ou colocação.
Fazem dois meses que
ele não aparece. (em vez defaz; desvio na sintaxe de concordância)
A torcida vaiaram (em vez
de vaiou)
Assisti o filme (em vez de ao
filme)
A namorada que sonhei (em vez de a
namorada com a qual sonhei)
c) ambiguidade ou anfibologia:
trata-se de construir a frase de um modo tal que ela apresente mais de um
sentido.
O guarda deteve o suspeito em sua casa. (na casa de quem: do guarda ou do suspeito?)
O guarda deteve o suspeito em sua casa. (na casa de quem: do guarda ou do suspeito?)
d) cacófato: consiste no mau
som produzido pela junção de palavras descabidas ou indecorosas em
agrupamentos vocabulares.
Paguei cinco mil reais por
cada.
e) pleonasmo vicioso:
consiste na repetição desnecessária de uma ideia.
O pai ordenou que a menina entrasse
para dentro imediatamente.
Observação: Quando o uso do pleonasmo se dá de modo enfático, este não é considerado vicioso.
Observação: Quando o uso do pleonasmo se dá de modo enfático, este não é considerado vicioso.
f) eco: Repetição de palavras terminadas
pelo mesmo som.
O menino repetente mente deslavadamente.
O menino repetente mente deslavadamente.
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