9º ano Proª Sheila - Situação de Aprendizagem 01
A linguagem das
Histórias em Quadrinhos
1- Você lerá a seguir a História em Quadrinhos (HQ) “Coji
e Kaique: uma boa refeição”. Após a leitura, enumere cada um dos quadrinhos da
HQ em sequência lógica
2- A HQ traz uma narrativa em que dois jovens, Coji e
Kaique, conversam sobre um tema específico. Que tema é esse?
3- A respeito dos pontos de vista de Coji e Kaique (também
chamado de Kai pelo amigo) referente à alimentação:
a) os dois são
convergentes do início ao fim da narrativa.
b) convergem no
início, mas mudam ao longo da narrativa e divergem no final dela.
c) divergem no
início, mas mudam ao longo da narrativa e convergem ao final dela.
d) são divergentes do
início ao fim da narrativa.
4- Uma das personagens se vale de um argumento para tentar
convencer a outra do seu ponto de vista. Que ponto de vista é esse? Localize o
argumento.
5- Embora se trate de apenas um argumento utilizado para
convencer o amigo, a forma como ele é apresentado na HQ segue uma progressão:
ele é dividido em dois quadros. Localize-os na HQ e descreva os elementos que
se integram para dar força a esse argumento:
Fala da personagem
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Extensão da fala
(Curta ou comprida?)
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Postura do corpo
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Cor de fundo
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Expressão facial
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6- No trecho em que Kai diz ao amigo: “Na real, escutei
sim. Parece realmente ser bem sério”,
ele poderia ter usado outro verbo de ligação, o verbo ser: “Na real, escutei
sim. É realmente bem sério”. Uma hipótese que comprova essa ideia é a de que:
a) Kai se convenceu de que manter uma alimentação saudável é
importante para manter a saúde.
b) Kai não conseguiu entender a argumentação do amigo, que
tentava convencê-lo sobre a importância de manter hábitos saudáveis.
c) Kai não quer demonstrar ao amigo que está convencido de
que uma alimentação saudável é importante para a saúde, por isso usa “parece
realmente ser bem sério” e não “é bem sério”.
d) Kai não se convenceu, mas não quer discutir com o amigo,
por isso usa o verbo “parece” [bem sério] no lugar de “é” [bem sério].
7- Qual é o desfecho da HQ?
8- Para responder à próxima questão, leia o conceito abaixo:
Parafrasear: consiste em explicar algo que foi dito
de outra forma, reformular para garantir que o outro entenda o que queremos
dizer. Buscamos, ao parafrasear, um sentido mais preciso para aquilo que
acabamos de explicar.
Crie paráfrases para cada um dos trechos - usados como
argumentos - no texto 2. Não se esqueça de incluir um conectivo (isto é, ou
melhor, melhor dizendo, dizendo de outra forma, em outras palavras) para
“ligar” o texto original à paráfrase criada por você.
a) “Quem disse
isto foi Christopher Langan, um autodidata, americano tido como ‘homem mais
inteligente dos EUA’, com QI de 195 pontos.”
b) “Na pesquisa foi utilizado um supercomputador para
visualizar de forma ampliada a formação
de um ovo”.
c) “As mutações, que separam
uma nova espécie
de seus pais
geralmente ocorrem no DNA reprodutivo, presente em óvulos e
espermatozoides. É isso que dá origem a novas espécies”.
9- Compare os textos 1 e 2. Analise o argumento apresentado
por Coji (Texto 1) e os argumentos apresentados pelas duas personagens no Texto
2. Qual deles você julga mais consiste? Por quê?
10- Por que Coji consegue convencer o amigo no Texto 1, mas
nenhuma das personagens do Texto 2 consegue convencer a outra?
Situação de
Aprendizagem 02
Gênero Crônica
Quem veio
primeiro, o ovo ou a galinha? O que você acha?
Leia a crônica a
seguir, em que duas personagens inusitadas discutem a questão e responda:
DONA CONCEIÇÃO E O
SENHOR JOAQUIM
Em uma famosa capoeira na região do Médio Tejo, o Senhor
Galo e a Senhora Galinha debatiam avidamente um assunto deveras sensível:
“Quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?”
O animal heráldico estava consumido em sua raiva, pois ao discordar de
sua posição, a vultuosa Palheirinha o chamara de “frango”.
- Pois vejas cá, Dona Conceição, me chamares frango em nada mudará, pois
perdes nos teus argumentos e me miras com teus desaforos.
- Chamei-te frango, porque estavas a fazer diabruras enquanto eu deitava
meus argumentos sobre o assunto. A propósito, reafirmo: nasceu primeiro a
galinha! - Não, senhora, nasceu primeiro o ovo e vou
provar, pois digo que uma nova descoberta aponta que a galinha veio primeiro.
Segundo os cientistas, a formação da casca do ovo depende de uma proteína que
só é encontrada nos ovários deste tipo de ave. Portanto, o ovo só existiu
depois que surgiu a primeira galinha. A proteína, chamada ovocledidin-17
(OC-17), atua como um catalisador para acelerar o desenvolvimento da casca. A
sua estrutura rígida é necessária para abrigar a gema e seus fluidos de
proteção enquanto o filhote se desenvolve lá dentro. A descoberta foi revelada
no documento "Structural Control of Crystak Nucleo by Eggshell
Protein", que em tradução livre quer dizer: Controle Estrutural de Núcleo
de Cristais pela Proteína da Casca do Ovo. Na pesquisa foi utilizado um
supercomputador para visualizar de forma ampliada a formação de um ovo. A
máquina, chamada de HECToR, revelou que a OC-17 é fundamental no início da
formação da casca. Essa proteína é quem transforma o carbonato de cálcio em
cristais de calcita, que compõem a casca do ovo. Dr. Colin Freeman, do
Departamento de Engenharia Material da Universidade de Sheffield, constatou:
"há muito tempo se suspeita que o ovo veio primeiro, mas agora temos a
prova científica de que, na verdade, a galinha foi a precursora." -Terminaste tua ladainha, Senhor Joaquim? Pois
agora provarei o contrário: “Graças à
genética moderna, podemos ter certeza de que o ovo veio antes. As mutações que
separam uma nova espécie de seus pais geralmente ocorrem no DNA reprodutivo,
presente em óvulos e espermatozoides. É isso que dá origem a novas espécies.”
Quem disse isto foi Christopher Langan, um autodidata americano tido como
“homem mais inteligente dos EUA”, com QI de 195 pontos, e queres discordar de
meus argumentos, Sr. Joaquim? Pois continuarei! Já John Brookfield,
especialista em genética da evolução da Universidade de Nottingham, na
Inglaterra afirmou: “Quando a galinha ainda era um ovo, ainda assim ela era da
espécie Gallus gallus. Portanto, a primeira forma de vida dessa espécie teria
que ser um ovo.”
- Mas, Dona Conceição, deixe-me concluir...
Ainda não terminei meus
argumentos, oras, gajo! Esperes que direi agora o que David Papineau,
especialista em filosofia da ciência do King’s College de Londres, na
Inglaterra disse: “Mesmo que o pássaro que deu origem ao ovo de galinha não
fosse uma galinha, o correto é dizer que o ovo veio primeiro. Se um canguru
botasse um ovo e dele saísse um avestruz, o ovo seria de avestruz, não de
canguru”.
- Discordo de tudo que a senhora pontuou,
Dona Conceição. -
Então derrube os argumentos que ofereci. - Derrube
a senhora os meus, se puder!
-Pois o Senhor é um frango!
- E a senhora,
uma maricota!
Após
a discussão ambos abandonaram o recinto e seguiram para seus respectivos
poleiros. Ainda hoje ninguém resolveu essa peleja entre os dois e nem quem
nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?
Fonte: A crônica “Dona Conceição e o Senhor Joaquim” contém
dados científicos baseados em: . Acesso em: 21
jan. 2020. . Acesso em: 21 jan. 2020.
Ampliando o Contexto:
1- Quem são as duas personagens que dão nome à Crônica?
2- Dona Conceição refere-se ao Senhor Joaquim como “frango”
(terceiro parágrafo). Qual a intenção de Dona Conceição ao fazer isso? Assinale
a correta:
a) Como Senhor Joaquim é um galo, a intenção dela é usar um
sinônimo (palavra cujo sentido se aproxima do sentido de outra) para referir-se
a ele, ou seja, frango.
b) Dona Conceição cria um sentido pejorativo para a palavra
frango e, ao referir-se ao Senhor Joaquim dessa forma, tenta diminuí-lo e
insultá-lo.
c)Dona Conceição usa um estrangeirismo. Ela voltará a fazê-lo
novamente ao referir-se ao Senhor Joaquim como “gajo”.
d) Dona Conceição usa o termo frango porque desconhece a
diferença entre frangos e galos.
3- Qual a reação do Senhor Joaquim ao ser chamado de
“frango”?
4- No trecho “John Brookfield, especialista em genética da
evolução da Universidade de Nottingham, na Inglaterra afirmou: ‘Quando a
galinha ainda era um ovo, ainda assim ela era da espécie Gallus gallus.’”. O
verbo de ligação era é repetido duas vezes. Nesse enunciado, o efeito causado
por essa repetição é:
a) O verbo, usado de forma repetida, enfatiza a ideia da
origem da espécie: a galinha, já quando era um ovo, estava destinada a se
tornar da espécie Gallus Gallus e não outra qualquer.
b) O verbo é repetido por um erro cometido pelo narrador de
forma intencional: a galinha era um ovo, mas poderia ser de qualquer espécie
depois
c) O verbo é repetido para enfatizar apenas uma das duas
características essenciais do ovo: ser da espécie Gallus gallus e ser,
portanto, Galo e não galinha.
d) O verbo ser é repetido na sentença, mas poderia ser
trocado por um sinal de pontuação (uma vírgula, por exemplo) ou por outro verbo
de ligação (ser, estar, parecer, permanecer, tornar-se) sem prejuízo do efeito
de sentido conseguido com a repetição dele.
5- Complete: Dona Conceição e Seu Joaquim defendem
diferentes pontos de vista sobre a questão “Quem nasceu primeiro: o ovo ou a
galinha”.
Dona Conceição defende que foi ________________________ e
Seu Joaquim que foi ____________________________________.
Situação de Aprendizagem
03
A arte da argumentação
Gênero Charge
Leia a charge abaixo:
1- Em uma charge, elementos da linguagem verbal (texto escrito
que representa, por exemplo, a fala de uma personagem) e não verbal (como
imagens e cores) se articulam para produzir sentidos. Assinale abaixo quais
elementos compõem cada uma delas.
Use (LV) para
Linguagem Verbal e (LNV) para Linguagem Não Verbal:
a) ( ) Imagem em
preto e branco da personagem teclando no computador
b ) ( ) “Minha
opinião não é a mesma que a tua, tudo bem?”
c) ( ) Imagem de dois braços segurando um taco
que se projeta para fora do computador.
d) ( ) Cores da imagem.
e) ( ) “Claro”.
f) ( ) Intolerância nossa de cada dia.
2- Imagine que os elementos da linguagem verbal fossem
retirados da charge. Qual seria o sentido que ela teria para o leitor?
3- Qual o sentido da charge para o leitor, quando todos os
elementos estão presentes?
4- A partir da leitura da charge pode-se afirmar que há uma
ironia quando os elementos verbais e não verbais do texto se articulam.
Explique como esse processo acontece
5- No texto, a palavra “CLARO” aparece grafada com
letras maiúsculas. Por que isso acontece?
6- Você conhece alguém
que já passou
por uma situação
parecida? Cite exemplos.
Situação de
Aprendizagem 04
Aprendendo
a Contra-Argumentar
Agora que você já consegue identificar algumas formas de
violência geradas pela intolerância quanto a diferença, suas características,
manifestações e definição esperam-se que você tenha concluído que é um ato
criminoso, o qual é previsto em legislação específica e passível de punição.
Com base nessa
informação inicial, faça a leitura dos textos a seguir:
Texto I
Artigo 5º, da Constituição da República Federativa do Brasil
de 1988. “[...]
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]”
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
anonimato; IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; [...]”
Texto II
DISCURSO DE ÓDIO
É todo ato ou conduta que incita discriminação de raça,
gênero, etnia, religião, nacionalidade, orientação sexual, dentre outras contra
pessoas ou grupos.
Por ser um tipo de comunicação, ela pode ser feita das mais variadas
formas: sutil ou grosseira, presencial ou virtual, verbal ou não verbal. Seja
de qual forma for o ato, sempre visa ofender e intimidar, convocando à
violência.
As vítimas
do discurso de ódio sofrem danos físicos e psicológicos. Não raro, há casos em
que o discurso de ódio se converte em linchamentos, torturas e até homicídios,
existem casos também onde a vítima não suporta os ataques e comete
automutilação ou suicídio. No contexto
escolar o Bullying e o Cyberbullying geralmente carregam discursos de ódio. A prática e a difusão do
discurso de ódio é proibido no Brasil e em diversos países do mundo e não deve
ser confundido com liberdade de expressão.
Texto 3
Se liga na letra
Eu discordo da postura e da conduta daqueles que promovem
discurso de ódio contra qualquer pessoa, seja por qual motivo for. Esconder-se
atrás do direito de liberdade de expressão para ir contra o direito do outro
não pode servir de argumento que justifique a prática. Todo aquele que
incentiva esse tipo de discurso, caso resulte em prejuízo ou dano a qualquer
cidadão, seja físico ou psicológico, deve ser punido com os rigores da lei. Também é uma atitude
igualmente reprovável “curtir” e “compartilhar” discursos de ódio, uma vez que
isso pode incentivar, fazer com que o agressor permaneça com a prática e
continue disseminando o discurso. Dessa forma, ele pode prejudicar muito mais
gente. Por fim,
há aqueles que presenciam, mas nada fazem, nem compartilham e nem curtem, muito
menos denunciam, agem como se nada estivesse acontecendo, estas pessoas também
são tão responsáveis pela disseminação do discurso de ódio quanto os outros.
1- Todas as afirmações abaixo ressaltam a posição do autor
com relação à divulgação dos discursos de ódio, exceto:
a) Eu discordo da postura e da conduta daqueles que promovem
discurso de ódio.
b) Também é uma atitude igualmente reprovável “curtir” e
“compartilhar” discursos de ódio.
c) Discurso de ódio: É todo ato ou conduta que incita
discriminação de raça, gênero, etnia, religião, nacionalidade, orientação
sexual, dentre outras contra pessoas ou grupos.
d) Estas pessoas também
são tão responsáveis
pela disseminação do discurso de ódio quanto os outros.
2- Depois de ler os textos acima, escreva um pequeno
parágrafo que exponha sua ideia sobre o que é liberdade de expressão.
3- De acordo com a leitura do texto 2 e dos conhecimentos
construídos ao longo do desenvolvimento das atividades anteriores, o que é
discurso de ódio para você?
4- Para você, qual é a relação entre liberdade de expressão
e discurso de ódio?
5- Muitas pessoas argumentam que possuem liberdade para
expressar suas ideias, independentemente do teor delas. No texto 3, identifique
e sublinhe os argumentos usados pelo autor.
6- Explique os efeitos de sentido de contra-argumentação na
construção da argumentação.
Denuncie
Agora que você já sabe diferenciar liberdade de expressão de
discurso de ódio é necessário conhecer meios de denunciar as práticas
de intolerância, discriminação, preconceito e ódio manifestadas na
internet, principalmente nas redes sociais.
Existem muitos canais que acolhem denúncias contra discursos
de ódio na internet: sites, blogs, fóruns e até nas próprias redes sociais há
meios de denunciar. Há também os canais governamentais de atendimento ao
cidadão. Supostamente você presenciou um discurso de ódio em sua rede social,
denuncie preenchendo o formulário do MPF:
Situação de
Aprendizagem 05
Os Tipos de Intolerância
Leia o Organograma abaixo:
a) O organograma acima mostra alguns fatores que
desencadeiam posturas intolerantes. De acordo com seu ponto de vista, como você
os agruparia em conjuntos semelhantes?
b) Quais foram os
critérios utilizados para o seu agrupamento? Justifique.
Situação de
Aprendizagem 06
Combatendo o Ódio através do Texto Literário
Texto I
CONTRA-NARRATIVA
É uma narrativa que se opõe a outra, geralmente mais
conhecida ou divulgada. É comumente
utilizada para dar voz a grupos silenciados/marginalizados que passam a ter
espaço e podem falar sobre si mesmos.
As
contra-narrativas são uma forma de combater os discursos de ódio e seu
principal objetivo é desconstruir narrativas comuns de discriminação e
intolerância. Possuem uma abordagem propositiva, focada no diálogo, no respeito
às diferenças, na igualdade e na liberdade.
São construídas com base em dados e fatos, apelam à sensibilidade,
humanidade e algumas de tão positivas chegam a ser bem-humoradas. Sua vocação é
possibilitar a empatia, uma vez que traz experiências que suscitam diferentes
pontos de vista a respeito do objeto que combatem.
Texto II
MEU LAR: A RUA!
Me chamo Sebastião, tenho 71 anos de idade, moro nas ruas de
São Paulo há 15 anos, passo meus dias fazendo pequenos trabalhos que consigo
aqui e acolá, a maioria das vezes recolho latinha e papelão para reciclagem e
ganho alguns trocados, outras consigo serviços de jardinagem ou como chapa,
fazendo cargas e descargas no centro.
Costumo ficar nas imediações da Praça da Sé e quando está muito frio
durmo debaixo de um viaduto próximo, onde me junto a muitas outras pessoas na
mesma situação que a minha. Nas ruas encontramos muitos tipos de pessoas, das
mais simples às mais estudadas, já conheci ex-jogadores de futebol, advogados,
engenheiros, administradores e até médicos, pessoas inclusive bem-sucedidas e de
famílias ricas, todos tendo o céu, a lua e as estrelas como teto. A propósito sou arquiteto
de formação, trabalhei em importantes obras aqui em SP, uma delas foi a
construção do Edifício Copam, onde fiz parte da equipe liderada pelo famoso
arquiteto “Oscar Niemeyer”, auxiliei tanto no desenho da planta quanto na
inspeção da obra, ganhei muito dinheiro, admito, contudo não me julgo
importante por isso, a vida muda, veja só a minha condição atual. Minha
história é um pouco triste e nem cabe nestas linhas, fui alguém que cometeu
muitos erros e me arrependo muito por todos eles. Tenho família, filhos e netos,
jamais os culpo pela minha situação hoje, eles não têm nenhuma culpa, muitas
vezes eles tentaram e até continuam tentando me tirar desta situação.
O que mais me deixa triste é a
forma como as pessoas me tratam nas ruas, mudam de calçada ou se distanciam
quando cruzam comigo, algumas fazem alguns comentários maldosos e outras até me
xingam. Tem gente que me manda arrumar emprego e que sou um peso para a minha
família e para a sociedade.
Certa vez um rapaz bem jovem, retirou sua filhinha de perto de mim
alegando que eu poderia lhe transmitir alguma doença, que eu era “imundo” e que
não chegasse perto da menina, pois ela veio conversar comigo. Foi uma das
poucas vezes que me senti muito feliz e triste ao mesmo tempo, feliz por
alguém, mesmo uma criança, sorrir e conversar comigo sem julgamentos e
agressividade, e triste pela reação do pai.
Já fui agredido inúmeras vezes na rua, já me jogaram água em dias de
muito frio, já tive meus poucos pertences roubados ou recolhidos, já me
ofereceram até drogas, é, você pode não acreditar, mas nunca usei drogas e
detesto bebida alcóolica e cigarro. Sou recorrentemente confundido como alguém
que é viciado em drogas, “velho nóia” é a frase que mais escuto. O preconceito e a discriminação tomaram conta
de muitas pessoas e a grande maioria delas pensa que morar nas ruas é só para
quem é usuário de drogas, vagabundo ou aqueles que têm algum tipo de problema
mental, mas não é bem assim. Nas
ruas tem todo tipo de gente, existem muitas que a pobreza e a falta de
oportunidades a colocaram nesta situação com toda sua família, tem pessoas como
eu que devido a tantas circunstâncias estão nas ruas, outras que desaprenderam
a viver em sociedade, que não sabem mais dormir em uma cama ou comer em uma
mesa, é triste, mas é verdade, tem outras que realmente estão nas ruas pelo
vício das drogas e a família não aceita mais e se tornaram, além de escravo da
droga, rejeitado por todos.
Mas o que não dá mais para aceitar é o preconceito e a discriminação
porque somos pobres, pobres não apenas de dinheiro, mas de afeto, carinho e
consideração. Até mesmo os animais de rua possuem maior consideração por parte
da sociedade do que nós, eu amo cachorro, tenho dois, eles são meus
companheiros, já teve situações que a comida chegou para eles e não para mim, fico
feliz, pois eles estão alimentados.
Ampliando o Contexto:
1- O que você sentiu a ler o texto? Percebeu algum tipo de
preconceito e intolerância no relato? Explique.
2- A turma poderá escolher um colega para fazer a leitura do
texto 2 “Meu Lar: A Rua!” em voz alta (teatralizada). Após acompanhar a
leitura, responda:
a) Qual a diferença
entre as leituras individual e dramática?
b) Qual das leituras
trouxe maiores sensações? Explique.
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